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terça-feira, 16 de setembro de 2014

Uma história de amor na gestação através da dança


Hoje irei compartilhar com vocês uma história de amor através da poesia e da dança.
Conheci Ana ainda adolescente, éramos do mesmo grupo de amigos mas nunca havíamos conversado muito. Ela estava nos seus primeiros anos de namoro com o seu atual marido Elton. Nos reencontramos no chá de bebê de uma cliente e amiga, a Melissa.
Quando soube que ela dançava dança do ventre, fiquei muito contente porque sei os benefícios da dança para a gestante (logo no blog um texto sobre isto!). Mas foi quando soube que ela se apresentaria, com aquele barrigão lindo, que eu fiquei radiante!

O post de hoje é a história de amor de uma mãe com seu filho, ainda não nascido, mas extremamente presente e amado!

"Depois de mais de um ano preparando esse espetáculo, finalmente tinha chegado o dia. Tivemos até que mudar de data, porque foi durante o planejamento que descobri que eu estava grávida. Tive que abrir mão de várias coreografias e me concentrar em poucas, porque sabia que iria dançar com 33 semanas e já ia estar com um barrigão.

A nossa professora e coreógrafa tinha me pedido pra fazer uma transição entre duas coreografias, uma música curtinha, mais pra dar tempo de troca de figurinos mesmo. Ela me sugeriu uma música que gostei logo de cara e comecei a ouvir muito. Essa pequena transição começou a se transformar e logo entrou na lista de coreografias como um solo. 

Como seguia a proposta do espetáculo, escrevi uma poesia para o sentido que eu queria dar à dança.Em um momento de inspiração, me concentrei no meu filho e escrevi pra ele. Escrevi do meu amor por ele. Foi assim que nasceu a poesia Celebração, que acompanhou a dança no dia do espetáculo.

Naquele dia, na coxia, com as velas acesas, esperando minha música começar pra eu entrar, o locutor leu a poesia. Um nó me veio à garganta, uma vontade de chorar, mas respirei fundo e entrei no palco e o iluminador deixou a luz mais baixa, introspectiva. Naquele momento não existia mais ninguém no mundo, só eu e o Francisco. Dancei de improviso, sentindo o momento, celebrando a vida dele, como diz a poesia. Uma calma me veio e me senti muito bem, poderosa e linda. Foi daqueles momentos que parecem passar tão rápido, e ao mesmo tempo durar uma eternidade. Esqueci do tempo e de tudo e quando a música acabou é que lembrei onde eu estava. Ouvi as pessoas batendo palmas e gritando, as luzes se apagaram e minhas pernas voltaram a ficar bambas pra sair do palco. Respirei fundo e recebi alguns abraços nos bastidores, mas corri pra trocar de roupa pra próxima coreografia.

Foi no dia seguinte que senti as dores musculares de quem está com 10 quilos a mais. Foi no dia seguinte que vi algumas fotos que os amigos tiraram e foi aí que veio a emoção. Chorei de felicidade. Fiz uma homenagem linda a meu filho: dancei pra ele, celebrei sua vida."


Ana e Francisco - foto por Sérgio Surkamp


Celebração

"Hoje celebro tua vida, porque hoje não há mais distinção entre o que sou eu e o que és tu. Tua existência é a razão do meu viver. Enquanto eu era somente eu, não sabia que poderia existir esse sentimento. Teu toque me faz sentir viva. Tua presença me encoraja. Todo meu ser só existe por ti, só faz sentido porque estás aqui. MEU FILHO, te amo, sou tua. Minha vida é tua, meu corpo é teu. Danço para ti, porque meu corpo é CELEBRAÇÃO da tua vida!"

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