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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

NASCEU! Relato de um parto-presente-de-aniversário!

Venho acompanhando a dona deste barrigão desde agosto, pessoalmente, e há uns dois meses antes por e-mail. Ela e a sua família são estrangeiros e tiveram as últimas semanas de gestação e o parto no Brasil. Fiquei muito feliz em acompanhar esta família pois foi a primeira experiência que tive de doular em inglês.





Há quase quatro semanas atrás ela estava com três centímetros de dilatação e tinha certeza absoluta que o bebê nasceria antes da data prevista do parto. Era seu quarto filho e eu acompanhei com ela esta antecipação. Fiz inclusive os sapatinhos de bebê, como faço e dou de presente para todas as minhas doulandas, mas acabei entregando quase um mês depois!

Sua mãe estava chegando para ajudá-la e inicialmente a preocupação era que o bebê viesse ao mundo antes da avó, mas isto não aconteceu. Passaram-se os dias e as consultas com a querida Dra Roxana e os centímetros de dilatação não aumentavam e a data provável do parto chegava cada vez mais perto. Até que na sua 40a semana, os centímetros foram aumentando e ela estava agora com 4. 

Na semana seguinte, decidiu que não queria mais estar grávida e assim que induziria. A indução é um procedimento que é feito com ocitocina sintética, que aumenta as contrações, deixando-nas mais fortes e consequentemente dolorosas. Ela já havia passado por isto no primeiro filho e sabia do quanto o parto poderia ser mais difícil, mas estava convencida que preferia ver o filho logo.
Quando chegou o sábado de indução, fomos para o Hospital Ilha e a nossa surpresa foi qual? Ela estava com seis centímetros. Isso a deixou bastante feliz pois era um sinal que o bebê estava mesmo querendo nascer, só precisava de um "empurrãozinho".

Começamos a indução e tivemos a sorte de estarmos acompanhados pelo Dr. Fernando. Chegamos um pouco tarde na maternidade e ele já nos estava aguardando ("Pensei que não vinham! Até já liguei para a Dra. Roxana!"). 

Correu tudo perfeitamente! Em cerca de duas horas ela dilatou um centímetro, chegando aos 7cm. Durante o exame a bolsa rompeu e então o bicho começou a pegar...

E a minha querida cliente, antes tão sorridente e falante foi para a partolândia e ficou mais introspectiva, prestando mais atenção em si e no seu corpo. O marido constantemente me falava: essa daí é profissional, você vai ver, nem tem graça os partos dela. Eu sorria.

E foram exatas três contrações fortes, três empurrões e quarenta minutos. NASCEU. Veio ao mundo o pequeno brasileiro/americano. LINDO. 4215kg, 49cm. Um parto na água, sem lacerações. Muito emocionante. Toda a equipe foi muito colaborativa e tentou enrolar o inglês como podia. Esperaram o cordão parar de pulsar, permitiram a amamentação na primeira hora, tudo com muita calma e paciência como um trabalho de parto e nascimento merecem.

Agradeço de coração toda a equipe que nos acompanhou e permitiu este momento tão especial.
Hoje minha doulanda passa muito bem, já em casa com seus quatro filhos.
E está tão bem, mas tão bem, que amanhã provará seu primeiro churrasco comigo, na minha comemoração de aniversário. Que presentão hein?

Obrigada também a todos os amigos que acompanharam nos meus relatos esta doulagem. Fico feliz em compartilhar com vocês este momento tão especial.


Um beijo!

Carol

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

AMAmentação!

Hoje realizei uma consultoria de amamentação com um casal muito legal. Eles tiveram o primeiro filho há 25 dias e estavam tendo algumas dúvidas e dor na hora de amamentar. Este post é dedicado a eles e a todas as outras famílias que ao AMAmentar, promovem carinho, vínculo e segurança  ao bebê!

Para que a amamentação ocorra de forma tranquila, alguns cuidados devem ser tomados.

Antes de começar a amamentação, é importante que as mamas não estejam muito cheias, pois assim o bico do seio e a aréola ficam muito rígidos, o que dificulta a pega e sucção do bebê. Portanto, é importante esvaziar um pouco as mamas através da ordenha manual e então colocar o bebê para mamar. 



Quando o bebê for iniciar a pega, é importante que ele abra bem a boquinha, e abocanhe toda a aréola ou a maior parte dela. Caso o bebê sugar somente o bico, não conseguirá ejetar o leite e formará fissuras, que são geralmente muito dolorosas. 


Ao sugar, é importante notar a bochecha do bebê, que deve estar arredondada, sem que se formem "covinhas", pois estas são indício de pega incorreta. 



Se durante a amamentação a mãe estiver sentindo dores ou notar que o bebê não está pegando corretamente, é importante interromper a sucção. Para tal, coloca-se o dedo mínimo no canto da boca do bebê, retirando-o do peito. 


Como tratar as mamas para prevenir as fissuras

- O leite materno é um ótimo aliado pois ajuda na cicatrização das fissuras, portanto, é importante passá-lo nas mamas antes e depois de cada mamada;

- Não deixe que os mamilos sequem ao ar livre pois isto os  resseca e ajuda na formação das fissuras.

- Não puxar o bebê do peito e sim utilizar o dedo mínimo na sua boquinha para "tirar a pressão" da sucção.

- Esvaziar o peito caso este esteja muito cheio, até que a aréola fique bem flexível e macia.

- Observar a pega correta.

- Evitar contato com sutiã ou qualquer outro tipo de tecido da roupa, utilizando assim as conchas. 




Caso hajam dúvidas, ficarei feliz em ajudar! 

Carolina
(48)9969-0160
cm.horn@gmail.com


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A presença do pai

Há uns dias atrás eu escrevi um texto sobre a presença do pai na gestação para um blog muito interessante, chamado www.paismodernos.com.br . Eu divulguei ele no facebook mas talvez alguns pessoas não tenham lido. De qualquer forma, eu gostaria de postar o mesmo texto no meu blog pois acho muito importante o conteúdo dele. 

Após ter visto (e chorado) com o vídeo abaixo, acredito que a idéia de fortalecer a presença do pai na vida de uma criança (e na gravidez!), se faz ainda mais importante.

Para tal, reproduzirei aqui o texto de minha autoria que foi postado no blog PAIS MODERNOS

E de sobremesa, o vídeo maravilhoso que representa a presença do pai (e também da mãe) na vida de uma criança!

Um abraço!
Carol

"Quando uma mulher engravida é tomada por um turbilhão de emoções e sentimentos, além de muitos hormônios. E conforme a barriga vai crescendo, os quadris vão alargando e os seios ficando misteriosamente fartos, estes sentimentos vão constituindo todas as representações do seu mais novo papel social: ser mãe. Quando uma mulher engravida, é como se todos à sua volta engravidassem também, pois passam a se preocupar com ela, a querer cuidá-la, quase como se a prole que estivesse sendo gerada também lhes pertencesse e, portanto, devesse ser zelada e protegida. É uma mimação só: presentes para o bebê e para a mamãe, massagens, sorrisos, olhares atentos… O foco na gestante é tão intenso, que muitas vezes é como se o bebê tivesse sido feito somente por ela.
Mas e o pai? O que acontece com o pai? Afinal, ele é pelo menos metade da equação para se conceber um bebezinho. Por isso eu pergunto, o que acontece quando um pai engravida? Esta pergunta, apesar de bastante simples, não tem uma resposta na ponta da língua.
Vocês já viram um pai nos chás de fraldas? Muitos são gentilmente solicitados a não comparecerem ao evento. E quando comparecem, onde ficam? Servindo os salgadinhos e bebidas, obviamente. Muito recentemente eu fui a um e a metáfora do “pai excluído” me ficou muito clara. O pai, sorridente, apareceu atrás da gestante e suas amigas quando estas estavam tirando fotos. A fotógrafa, “gentilmente” gritou: “SAI GERALDO (nome fictício)! Teremos que repetir a foto meninas, o Geraldo apareceu!”. Não me aguentei e fui obrigada a pontuar, “gentilmente”, que sem o Geraldo, não haveria Clarinha (nome fictício do bebê).
O pai, apesar de não estar carregando o bebezinho na sua barriga, também tem as mesmas alegrias, preocupações, medos, dúvidas, mas infelizmente não recebe tanta atenção, mimos e cuidados como as mamães. E ainda deve ser um dos principais responsáveis por facilitar a gravidez da mulher e fazer as suas vontades. Quem não lembra da famosa situação do pai correndo de madrugada para levar tortas e quitutes para satisfazer os desejos de grávida de sua esposa. E quem se apressa para satisfazer os desejos deste pai?
O papel do pai durante a gravidez é pouco discutido nas pesquisas, e quando o fazem é normalmente para representar as consequências da sua falta. Por isso, pais, que também engravidam e passam como a mulher por todas as maravilhas e absurdos do ciclo gravídico puerperal, lhes dedico este post.
Quando os pais engravidam, muitos também sentem mais fome e ficam mais sensíveis. Um pai sensibilizado pela gravidez compartilha com a mulher as suas mudanças hormonais e engravida junto. Muitos pais podem desenvolver inclusive a Síndrome de Couvade, apresentando sintomas físicos e psicológicos parecidos e concomitante com os das mulheres.
A gravidez é essencialmente um momento de mudanças, de reestruturação emocional, pessoal e familiar e trás assim grandes possibilidades de aprendizado. Mas também muitas incertezas, inseguranças e dúvidas.
Este momento pode ser bastante conflituoso e ambíguo para o pai, que também está passando pelas dúvidas e medos da gravidez, precisando de tempo para processar as mudanças acarretadas por ela. Muitas vezes tem dificuldade ou não acha espaço para se expressar e acaba ficando excluído de todo o processo.
Sempre se fala de um instinto materno, que ao chegar a hora a mãe saberá como cuidar do filho. O pai como cuidador, que acorda de madrugada para acolher o choro do filho, que troca as fraldas e ajuda nos cuidados é um papel recente – e diga-se de passagem bastante cobrado. Entretanto, apesar de as mães quererem muito a participação ativa deste pai, muitas vezes não lhe dão o espaço necessário para aprender as rotinas e cuidado com o recém-nascido. Lembrem-se: nem todos os homens brincavam de casinha quando estavam crescendo, muitos terão dificuldade inclusive de segurar seu bebê, mas é imprescindível que aprendam e possam vivenciar a paternidade da forma mais plena e completa possível.
É importante dar espaço para estes pais que estão se constituindo, de permitir que eles expressem suas preocupações e ansiedades, que participem do acompanhamento pré-natal e dos preparativos para a chegada do bebê. Que opinem e tenham sua opinião levada em consideração, pois é pela experiência e por participar do processo da gravidez que o vínculo com o bebê poderá ser formado.
Portanto, fotógrafas, reservem vários flashes a estes rapazes! Mimem e cuidem deste pai que também engravidou. Pais, reivindiquem seu papel, ele é essencial na formação da família!
A formação da paternidade ocorre desde a gravidez, assim como o vínculo. Os dois – pai e mãe – passam juntos pelo processo e nada mais saudável se conseguirem se apoiar e dividir as dúvidas, preocupações e as belezas e alegrias de estar gestando uma nova vida."
Retirado de www.paismodernos.com.br/2011/09/08/deixando-o-homem-ser-pai/

E agora, para fechar, o vídeo.. Preparem os lencinhos!


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A psicoterapia dói?

No fim de semana passado participei de um workshop do meu curso de especialização e tive a agradável surpresa de ser não somente um encontro para integração do grupo, mas uma bela e dolorosa terapia de grupo. Várias vivências e histórias pessoais foram trazidas pelos participantes e, em meio do compartilhar de todos, comecei a pensar como a psicoterapia, na realidade, dói. 

Ao entrarmos em contato com todas as formas de abusos, negligências e violência que vivenciamos no decorrer da vida, a dor é quase insuportável.  Entretanto esta se parece como uma tempestade no mar, que depois do agito há a calmaria. Apesar de a psicoterapia por vezes doer, é uma dor COM O OUTRO, não é vivenciada sozinha, e como a tempestade, passa. E ao passar, nos dá uma sensação de integridade, de organização e principalmente força.

O que acontece na psicoterapia é que estes vividos dolorosos são acolhidos e respeitados por um profissional com disponibilidade para nos ajudar a lidar com as dores.

A psicoterapia se configura em uma situação em que todas estas coisas ruins que sofremos PODEM APARECER e serem ACOLHIDAS. No mundo real - fora do campo da terapia - temos medo de ofender e deixar os outros desconfortáveis com nossos problemas; medo de que por termos sofrido na vida eles possam se afastar de nós. Isto normalmente não ocorre na psicoterapia. Este campo é neutro, seguro, onde um profissional terá o respeito e disponibilidade para lidar com todas as coisas difíceis que possam ser trazidas.

Ao falar sobre os problemas, as peças do quebra cabeça vão se encaixando e as coisas parecem fazer mais sentido. Assim, a psicoterapia se torna um recurso para nos conhecermos melhor, para trabalharmos com nossas ferramentas e possibilidades de encarar as situações da vida. O papel do psicólogo é ajudar nesta trajetória, exemplificando, ampliando as possibilidades de ação e ajudando a perceber essas ferramentas que existem em nós. 

O que eu percebi com um workshop repleto de psicólogos, é que além de todo o estudo e afinidade pelos temas da Gestalt Terapia (uma abordagem de psicoterapia) que temos em comum, compartilhamos histórias e vivências parecidas - histórias de dor - e assim conseguimos nos identificar com a dor dos outros e de nossos clientes, desenvolvendo a capacidade de acolhê-la. 

Para finalizar este post, fica a definição de Psicoterapia proposta pelo autor e psicólogo Ênio Brito Pinto, no livro Gestalt Terapia de Curta Duração (2009).

"A psicoterapia, grosso modo, é o encontro de duas pessoas, o terapeuta e o cliente, com o propósito de analisar e compreender a vida do cliente visando facilitar a recuperação da qualidade do contato, da vivacidade, do ritmo e da abertura do cliente para a vida. A psicoterapia favorece alternativas para avaliar pontos de vista, percepções e posturas que afetam os sentimentos e o comportamento do cliente".


"A psicoterapia não é um processo de aprendizagem, não é um lugar onde o cliente vá aprender sobre si, mas antes, é um processo de exploração do mundo e de auto-exploração onde o cliente vai descobrir sobre si (...), quer seja sobre suas sombras, sobre sua luz, quer seja sobre suas belezas ou suas tragédias. Ao terapeuta cabe apontar as pontes e os caminhos, os abismos e as florestas por onde pode acompanhar seu cliente na aventura de conhecer-se".



terça-feira, 6 de setembro de 2011

VIII Bazar Coisas de Mãe - 10 de Setembro

Uma dica para o fim de semana é o Bazar Coisas de Mãe!

Você já conhece o Bazar Coisas de Mãe? É uma iniciativa que agrega mulheres profissionais que direcionaram as carreiras após o nascimento dos filhos. Elas trabalham na companhia deles e optaram por isso para que pudessem cuidar das crianças e não se separar delas em idade tão precoce.  São mulheres conectadas pelos princípios do respeito ao parto e nascimento e da maternidade consciente. Elas defendem a importância do parto natural, da amamentação exclusiva até os 6 meses e prolongada - como orienta a Organização Mundial de Saúde - e um modo de maternar amoroso, conectado, intuitivo, ativo e consciente. Conheça essa iniciativa visitando o blog do Bazar: www.bazarcoisasdemae.blogspot.com



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Parto legal é vertical!

Começo o post de hoje com esta frase piegas mas muito importante.
Hoje estava assistindo televisão e notei que, sempre que passam cenas de parto, as mulheres estão deitadas na cama do hospital, gritando de dor, com uma equipe completa de médicos e enfermeiras observando-a, ou então gritando para que ela se acalme. Se brincarmos do jogo dos erros nesta cena, quantos será que acharemos?
Em primeiro lugar, por que alguém grita mais do que a parturiente e pede ainda que ela se acalme? E principalmente: por que não tiram a mulher da cama? Por que não deixar a gravidade agir a seu favor?
A partir desta tarde televisiva que me inspirei e vim discutir com vocês algumas razões para o parto acontecer verticalmente (e naturalmente!).

A Organização Mundial da Saúde, desde 1996, preconiza posições verticais durante o trabalho de parto, além da possibilidade da parturiente movimentar-se livremente. 

Quando a parturiente caminha, o movimento dos quadris facilita a descida do bebê. Além disso, ao caminhar, a gestante está aumentando a circulação uterina e assim melhorando as contrações. O resultado é um parto com menor duração e melhor progressão. Durante a caminhada, adotar a posição de cócoras também pode ajudar a aliviar a tensão das costas e melhorar a dilatação. A utilização da bola é igualmente um ótimo recurso para diminuir as dores e aliviar a tensão, assim como os banhos de imersão e de chuveiro. 

E principalmente, adotar posições verticais significa estar ativo durante o trabalho de parto. 




Isto também não significa que devemos correr e tirar a parturiente da cama durante todo o trabalho de parto e impedir que ela se deite novamente. Lembrem-se que o papel do acompanhante é estimular a movimentação e adoção de métodos não farmacológicos para o alívio da dor, mas a principalmente respeitar a gestante e suas necessidades (inclusive a de descanso!).

E o que fazer quando passarem na TV trabalhos de parto horripilantes, conforme os relatados anteriormente? Mudem de canal, ou escrevam um post em seus blogs discutindo o que NÃO fazer no trabalho de parto!