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sábado, 22 de outubro de 2011

O pai grávido

Para discutir o tema PAI GRÁVIDO, um texto de autoria de Caio Melo do blog PaisModernos.com.br

Aproveitem!




Enjoar, ganhar peso, ter desejos, chorar e rir quase ao mesmo tempo... esses são sintomas clássicos de gestação. Principalmente nos primeiro trimestre da gestação, a mulher passa por esse turbilhão de novidades. Algumas não sentem quase nada, outras carregam esse pacote por quase toda a gravidez.

A maioria das pessoas, sensíveis e solidárias à futura mãe, relevam seus ataques de fúria descabidos, prantos desnecessários e até ajudam a satisfazer desejos não convencionais. O que muitas pessoas não sabem, porém, é que isso não é exclusividade das mulheres. Sim, isso que você entendeu. Os homens também podem manifestar esses sintomas. Eu, por exemplo, fui um dos felizardos a ganhar de presente essa chamada síndrome de couvade.

Não sei ao certo o que veio primeiro. Talvez por ter me envolvido desde o primeiro instante com a gravidez de minha esposa, tenha manifestado esses sintomas. Pode ser que devido aos sintomas eu tenha ficado mais atento à gestação. Realmente não acho que isso interesse muito. Se foi a galinha ou o ovo que veio primeiro, o mais importante é que nossa família só teve benefícios com a minha presença durante a gestação, parto e também na criação da pequena.

Partindo do princípio de que a mulher quer e realmente dá espaço para o homem se aproximar e descobrir-se no papel de pai (vale a pena ler o post Deixando o homem ser pai (http://paismodernos.com.br/2011/09/08/deixando-o-homem-ser-pai/), escrito pela Carolina Horn), há muito que o homem e a mulher podem fazer para viverem juntos um momento tão especial como é a gestação. Pela experiência que eu tive, sinto-me mais à vontade para dar dicas a eles.

Amigo, você provavelmente não entende nada de ultrassom, pré-natal, coisas para comprar, mudanças a fazer na casa e muito menos sabe contar gestação em semanas! Relaxe, nenhum de nós sabe no início (alguns nunca aprendem, mas isso é outra história), mas você pode aprender. Há uma lista imensa de bons livros, blogs e fontes de informação para entender melhor o universo da paternidade, que também envolve esperar o bebê.

Mas não vá pensando que ela, por ser mulher, sabe tudo e pode ensiná-lo todos os detalhes. Talvez ela esteja insegura com toda a pressão social de que precisa saber tudo... você partir desse pressuposto pode só criar mais ansiedade na futura mãe. Pergunte a ela, mas também pesquise e conte a ela o que andou lendo por aí. Você deixa de usar a mulher como um google pessoal e passa a compartilhar informações. Mais legal, não acha?

Entenda os nove meses de gestação (ou “36 a 40 semanas”, vai anotando) como um cursinho preparatório para ser pai e ter um filho. São coisas diferentes, que você mais pra frente vai entender. Quando a criança já tiver nascido, crescendo, aprendendo a andar, você lembrará saudoso de quando viu qual era o sexo do bebê, quando tentou entender aquele monte de pixels se mexendo na tela do ultrassom etc. Por isso, participe de tudo. Vá às consultas, pesquise tipos de carrinho, assista aos exames, fique por perto.

Não se interessa por nada disso? Não importa! Talvez mais pra frente descubra que foi importante ter ido, talvez não. Mas certamente estar lá, segurar a mão da gestante e ser cúmplice fará toda a diferença. Também tem algo que você não imagina no início. Você vai criando vínculo com seu filho... mesmo quando ele é só uma imagem incompreensível no monitor.

Algo que funcionou muito bem comigo foi esforçar-me ao máximo para estar sempre por perto e disponível, mas entender quando minha esposa queria um espaço só para ela ou para ela e outra mulher (mãe e irmã viram mentora e escudeira fiel para as batalhas de gestação).

Também lembre-se de que apesar da gestação ser algo muito importante, há uma mulher carregando aquele bebê. Todos pensam no bebê, perguntam por ele, mas e a mulher? Cuide dela, quem sabe uma massagem nos pés, um passeio no parque, um filminho com pipoca em casa, sair para jantar? Ela precisa se sentir valorizada, desejada e bonita... e é seu papel fazer isso, ok?

Em alguns momentos eu estava longe e ela chorava porque queria que eu estivesse perto. Quando eu estava em casa, teve vezes que ela quase me matou com o olhar pra eu ficar mais longe. Faz parte. Tente compreender e levar numa boa. Se achar ruim, pense positivo: é passageiro!

Certamente há muito mais o que fazer e aprender durante a gestação, mas essas poucas dicas já são um começo. O mais importante de tudo, pra mim, é ter em mente o seguinte: talvez aquela mulher seja sua esposa para sempre ou não, mas certamente ela sempre será a mãe do seu filho... e aquela criança sempre terá você como único pai. Tem algo mais importante do que esse núcleo de relações? Então capricha.

Ah! Antes que eu esqueça. futuros pais e mães, durmam muito! Porque como diz um amigo e escritor do mundo da paternidade Renato Kaufmann, “pais de todo o mundo, zumbi-vos”.


Caio Melo
@PaisModernos_
PaisModernos.com.br



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