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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mas afinal, o que é uma doula?

Quando falo para as pessoas que eu sou psicóloga, normalmente eles me perguntam se eu cuido dos loucos. O estereótipo é horrível, mas histórico e, portanto, até consigo explicar o meu trabalho sem relacioná-lo totalmente aos hospícios e manicômios.

Entretanto, quando digo que também atuo como doula, o que normalmente acontece são expressões de dúvida que sugerem a pergunta: "Doula? É de comer?"

Acho importante formalizar então para os leitores alguns aspectos do que significa ser uma doula.

Doula é uma palavra de origem grega que significa "mulher que serve". Antigamente o parto era assistido somente por outras mulheres, mais experientes e que já haviam passado pelo processo de nascimento dos próprios filhos. Estas davam suporte para a parturiente e a acolhiam durante todo o trabalho de parto. 


No tempo das nossas bisavós e avós, quem ficava ao lado das mulheres em trabalho de parto eram estas mulheres mais experientes e também as parteiras.

Com o passar do tempo o parto começou a tomar outra configuração e a ser tratado como assunto médico, acontecendo nos hospitais e maternidades. Assim vários profissionais foram ocupando a cena, cada vez mais especializados (enfermeiras, obstetras, pediatras) e foram conduzindo o parto com diversas intervenções. A parturiente foi aos poucos perdendo seu protagonismo e deixando seus instintos, necessidades e sabedoria de lado e permitindo que esta equipe conduzisse e "fizesse" o parto por ela. 

A doula tem um papel fundamental nesta equação, pois cuida da mulher durante o trabalho de parto, lembrando-a do seu lugar de destaque no nascimento, EMPODERANDO-A. 

Este trabalho começa desde o pré-parto, enquanto a gestante ainda está grávida e muitas vezes cheia de dúvidas, medos e carregando consigo não somente um bebê mas um milhão de mitos e crenças, como a de que não é capaz de parir, que a dor é terrível e que a cesariana marcada é a melhor opção. A doula, com muito cuidado e responsabilidade tem o objetivo de responder às dúvidas desta mulher e família, e prepará-la para a chegada  do bebê. São discutidos planos para o parto, movimentos, posições, exercícios e tipos de respiração, que ajuda a gestante e família a compreender o processo e aos poucos ir perdendo o medo dele.

A presença da doula continua no processo da gravidez e tem seu ápice no trabalho de parto. No hospital ou no parto domiciliar ela é mais um membro da equipe que vem a acrescentar sua experiência e disponibilidade para com esta mulher que está parindo.  A doula dá suporte também ao acompanhante, mostrando como ele pode ajudar a parturiente e oferecendo-lhe apoio. O acompanhamento é contínuo e começa na casa da família e se prolonga até o nascimento do bebê, independente dele ocorrer em casa, na maternidade, no hospital, na clínica, ... 

Após o nascimento há ainda todo um cuidado com esta nova família, e a doula presta apoio nos primeiros dias da chegada do bebê e muitas vezes o contato se prolonga por muito tempo. O vínculo formado normalmente é tão forte que há doulas acompanham os primeiros aniversários e continuam presentes na história da família durante bastante tempo. No puerpério (pós-parto) as famílias consultam a doula e continuam a tirar dúvidas sobre os cuidados necessários com a mãe após o parto e também com o recém-nascido. Há um tipo de doula que se especializa nesta etapa do processo que é chamada de doula de pós-parto. 

A doula é um membro da rede de apoio desta família e peça fundamental durante todo o processo de parto e nascimento. 

O meu acompanhamento funciona com consultas no pré-parto (normalmente três mas este número varia com a necessidade de cada família), além de todo o acompanhamento durante o parto e suporte no pós parto. No pós-parto são realizadas normalmente duas visitas, uma na maternidade e outra uma semana após o nascimento, na casa da família. Ainda tem dúvidas? Não hesite em escrever!

Um abraço,

Carolina 
A Psicodoula 
(me apelidaram assim e eu gostei!)



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